O jovem monge procurava por um mestre verdadeiro, durante anos de mosteiro em mosteiro. Até que chegou ao grande e venerável Mestre Joshu.
Para chegar ao mosteiro, havia uma ponte de pedra sobre um riacho cristalino. O monge atravessou a ponte e, logo na entrada, o mestre estava esperando por ele. “Para que serve a ponte de Joshu?”, perguntou o andarilho. “Passam burros e passam cavalos”, respondeu o mestre. Essa expressão da época significava que todos eram recebidos da mesma maneira, sem que se escolhesse quem entrava e quem saía. O monge ficou. Meditava todas as manhãs, tardes, noites. Ouvia as preleções do mestre, mas não se iluminava. Finalmente, um dia foi questionar Joshu: “Os textos dizem que a Natureza Buda, a natureza iluminada, está presente em toda parte. Mas pergunto: o cão tem a Natureza Buda?”. Mestre Joshu foi monossilábico: “Mu!”.
O monge fez nove reverências profundas. Compreendera o inconcebível. Agora, vamos por partes apreciar esta história antiga.
Passam burros e passam cavalos. Na sua ponte, na ponte da sua vida, tu permites a passagem de todos os seres? Ou colocas cancelas, barreiras, escolhes, selecionas, expulsas, te proteges, te defendes de quem ataca?
“A vida é como a travessia de uma ponte. As pessoas que estão agora ao nosso lado não são as mesmas com quem iniciamos essa travessia. Mas não te lamente nem te sinta só.
Há sempre pessoas que atravessam ao nosso lado”.
Temos de nos tornar essa ponte. Ponte que leva os seres da ignorância à sabedoria, alguns agradecem, outros insultam, mas a ponte continua a ser a ponte que serve e facilita todos na sua travessia.
“Algumas vezes, temos de ser o barqueiro, alguém que mostra às pessoas que há uma outra margem e que é possível chegar lá.” Abandonar o sofrimento, o papel de vítima e se libertar para viver apreciando a vida“.