Fui arrumar meu armário no fim de semana e percebi a quantidade de coisas desnecessárias que guardei.
O mesmo acontece ás vezes no nosso coração/ vida.
Claro que, em algum momento, aquilo foi importante e necessário, mas é tão bom quando fazemos uma triagem, agradecemos com muito carinho os momentos vividos, deixamos um lugar bonito reservado no peito e desapegamos de vez.
Foi um momento intenso, olhar todas aquelas fotos, todas aquelas lembranças, cartas, bilhetes, resquícios de encontros felizes e conexões profundas.
Foi esclarecedor e ao mesmo tempo surpreendente percebi as pessoas que ficaram pelo caminho, frases que fizeram sentido no passado, mas que hoje são apenas junções de palavras bonitas e só, sentimentos e sensações que pareciam eternas e agora são apenas recordações desbotadas.
A vida é mesmo uma caixinha de surpresas.
Tudo o que acontece, deixa um sorriso ou uma lágrima, aprendizagens e lembranças. Pouca coisa permanece, e arrumar meu armário mostrou-me nitidamente isso.
Limpar e desapegar.
Arrumei o armário como o início da arrumação que precisava fazer dentro de mim.
Livrei-me dos excessos que fazem acumular poeira no armário e nostalgia no peito.
Ganhei espaço.
Espaço para novas recordações, novas cartas e bilhetes, e fotos, sim, as pessoas ainda imprimem fotos.
Senti a leveza na minha casa.
Notei que às vezes as mudanças brotam de fora para dentro.
Fazer a arrumação na minha casa resultou numa experiência profunda, desgastante, mas elucidativa.
Peguei na nostalgia e fiz dela desapego, peguei nas lembranças e fiz delas combustível para entender o presente: realmente, tudo passa e tudo muda, só nós ficamos.
Nós e uma camisola velha que não jogamos fora de jeito nenhum.