Normalmente quando termino o meu treino cruzo-me com um grupo de senhoras mais seniores que vão fazer a aula de Hidroginástica. Durante aqueles breves segundos entre tomar banho, arrumar o saco e sair acabo por trocar um olá ou um olhar de atenção. Hoje uma senhora que habitualmente está a cantar disse:
“Antes é que eu era feliz quando tinha mais dinheiro”…
Esta senhora é aquele género de pessoa que sabe bem conversar porque tem sempre um sorriso e do meu ponto de vista sempre vi como uma Mulher feliz. Recordo-me que numa das suas partilhas sobre estar sempre a cantar frisou que era a melhor forma que hoje tinha para recordar a sua mãe. A sua mãe estava sempre a cantar e quando os vizinhos não a ouviam “batiam a porta para saber se estava bem”.
Depois da partilha de hoje fiquei a pensar na quantidade de vezes que oiço nas minhas sessões pessoas a dizer que já foram muito feliz quando tinham:
- A casa dos seus sonhos;
- O marido/mulher com quem foram casados 10 anos;
- O carro que pouparam para comprar;
- O ordenado que conseguiam fazer várias viagens por ano;
Até quando a tua felicidade vai depender de ter algo?
Segundo Michael Nell, a tua felicidade não depende de obteres o que queres, à primeira vista isso pode parecer bastante inócuo. Afinal, provavelmente já ouviste coisas semelhantes, desde “a felicidade é uma opção” até “a felicidade é uma questão interior”, passando por “preferes estar certo ou feliz?”
Por outras palavras, o que é que quererias se não tivesses de ficar infeliz por não o obter?
Estamos tão habituados a ligar as nossas sensações de prazer à obtenção do que queremos e as nossas sensações de desprazer ao “fracasso” que muitos de nós nunca questionamos a ideia de que a felicidade e o êxito estão intrinsecamente ligados.
Esta evidente ligação é a fonte de quase todos os nossos medos relativamente ao fracasso e ao êxito. Pensa nisso – tens medo de falhar, ou tens medo de falhar e de te sentires mal com isso? Tens medo de perder o teu dinheiro todo, ou tens medo de perder o teu dinheiro todo e de te sentires mal com isso? Tens medo de terminar uma relação , ou tens medo de terminar uma relação onde te sentes óptimo com isso, mas sentes-te mal por não te sentires mal com isso? (Complicados que nós somos?).
Por exemplo, tenho um cliente que está envolvido numa difícil ruptura com uma mulher com quem tinha pensado seriamente em casar. Um dia, durante a nossa sessão. disse-me: “A questão é que não a amo”. Isso pareceu-me um pouco estranho tudo o que sempre tinha visto ou ouvido exprimir acerca dela era profundamente amoroso.
- Amas, sim – Disse Eu
- Não, não amo – respondeu, aparentemente a tentar decidir se ficava aborrecido ou confuso com a minha resposta.
- Sim, ainda a amas – prossegui. – O que se passa é que já não queres estar com ela.
Ficou calado por um minuto ou dois enquanto pensava no assunto. Finalmente, disse, algo a medo: Essas duas coisas podem ser verdadeiras ao mesmo tempo?”
- Sim Podem.
A única razão pela qual se está sempre infeliz é pensar que se deve estar infeliz.
Por outras palavras, quando te sentires mal, é porque nesse momento achas que “mal” é a melhor maneira de te sentires – que há algumas vantagens importantes e positivas nisso.
Geralmente, essas vantagens integram-se numa das seguintes categorias:
- Sentimo-nos mal porque pensamos que isso motivará (ou porque estamos com medo de não agir no nosso melhor interesse se não nos sentissemos mal).
- Sentimo-nos mal porque isso significa alguma coisa boa a nosso a respeito (ou porque temos medo de que não nos sentirmos mal significasse alguma coisa má acerca de nós).
Exercício:
1º Pensa numa coisa da tua vida que não te sintas satisfeito (zangado, triste, receoso, etc).
2º Se eu pudesse abanar uma varinha mágica e ficavas instaneamente feliz nessa situação sem que mudasse mais nada, querias que eu fizesse? Por outras palavras, não te importavas de estar feliz nessa situação, exactamente tal como ela se apresenta?
(Lembra-te de que não quer isto dizer que não deves estar descontente com aquilo que te está a aborrecer – é apenas umas pergunta sincera e curiosa de ti para ti.)
3º Se a tua resposta for não, faz a ti mesmo uma das seguintes perguntas, ou ambas:
- O que é que receias que acontecesse se não estivesses descontente com____?
- O que pensas que isso significaria a teu respeito se não estivesses descontente com aquilo?
- Seja qual for a conclusão a que chegas, aproveita a intenção positiva que estás a por detrás disso, ou seja, a “muito boa razão” ou “as muito boas razões” que tem para ficar e continuar descontente.
- Finalmente, imagina que te sentes bem e em paz contigo mesmo e a lidar com a situação corajosamente e bem. Arranja pelo menos três modos de conseguir concretizar essa intenção positiva sem a emoção “descontente”.
Fonte: Chega aonde quiseres, Michael Neill
Faz a tua primeira sessão:
Email: coach@flaviagouveialeadercoach.com